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9 de agosto de 2012

Diploma para jornalistas: eis a polêmica


                Há alguns anos me decidi por fazer jornalismo. A única coisa que eu sempre fui realmente boa é escrever. A única matéria que eu ia realmente bem, sem precisar de nenhum esforço, nenhuma dedicação, era redação. Me apaixonei perdidamente pelos livros graças a JK Rowling e Harry Potter. E desde então não parei mais. Na escrita, foram inúmeros diários, cadernos de poesias, blogs e três livros inacabados – agora, mais um em andamento.

             Em 2010, no terceiro ano, em meio a (normal) crise do OQUEEUVOUFAZERDAMINHAVIDA fiquei um bom tempo em dúvida entre história, jornalismo ou direito. Optei pelo jornalismo. “Mas não precisa de diploma” – foi o que eu mais ouvi. Ainda assim, é importante lembrar, é um dos cursos mais concorridos e difíceis de passar em uma universidade pública. Prestei UERJ, UFF E UFRJ e fui aprovada nas três. Alcancei o 1º lugar na UFF, com 10 em redação e língua portuguesa e 7 em geografia (que nunca foi meu forte). Grande mérito, né? Mas nem tanto reconhecimento. Se tivesse sido o mesmo feito em história ou direito, certamente seria melhor. Essas profissões precisam de diploma, não é qualquer um que pode chegar e fazer. O jornalismo sim. Meu curso, meus próximos 4 anos de faculdade, tudo seria em vão. Meu diploma seria um papel completamente sem valor. Mesmo assim não pensei em desistir.

   2011 chegou e com ele meu ingresso na Universidade Federal Fluminense. De cara, me encantei pela faculdade, pelo meu campus, pela minha turma, por muitos professores, por inúmeras matérias. E hoje, três períodos depois (e em greve, diga-se de passagem), tenho certeza de uma coisa: sabe escrever é um dom, mas a faculdade de jornalismo não é uma oficina de escrita.

         Tive aula de filosofia, realidade sócio-econômica e política brasileira, sociologia, sociologia da comunicação, psicologia da comunicação, teoria da percepção, seminários de poder e política, teorias da informação e da comunicação, introdução ao jornalismo. Todas essas foram extremamente interessantes, e mudaram minha percepção sobre o mundo e sobre o jornalismo. Aprendi muito sobre ética, quarto poder, liberdade de expressão e liberdade de imprensa, sobre a atual conjuntura da mídia no Brasil e muito, muito mais. Sem contar as práticas: oficina de reportagem, teorias e técnicas de reportagem, linguagem jornalística, etc... que aprimoraram e moldaram meu texto. Hoje sei que um bom texto não é necessariamente um texto jornalístico. Por fim, matérias que foram fundamentais para que eu seja uma profissional completa. Destaco: introdução á fotografia, fotojornalismo, jornalismo gráfico e planejamento visual gráfico. Ah, e detalhe: ainda estou no terceiro período.

            Tenho em mente que tudo isso, todo esse aprendizado, não foi inútil. Muito pelo contrário, penso que, se todos os jornalistas em atividade no Brasil tivessem tido a formação que estou tendo, talvez (pra não dizer provavelmente) teríamos uma conjuntura midiática bem diferente.

 Acredito também que a frase “todo mundo pode ser jornalista” não é errada. Vivenciamos a Era da tecnologia, não é mesmo? Até os grandes jornais, como O Globo tem uma seção “Eu-repórter”. Sem contar nos milhares, milhões de blogs e as próprias mídias sociais. Todo mundo tem um tiquinho de jornalista se quiser. Mas não tem o amplo conhecimento que o formado tem (ou deveria ter).

  Por fim, gostaria de frisar que, obviamente, sou defensora da liberdade de expressão e de escrita. Quando o STF decidiu que para exercer a profissão de jornalista não era necessário diploma, o argumento foi que isso cerceava a liberdade de expressão. Minha reivindicação é apenas que o esforço dos estudantes de jornalismo seja reconhecido, como são quase todas as outras profissões de curso superior. 

Ps: um amigo levantou uma questão boa. Ele disse que "economistas não formados em jornalismo podem muito bem escrever em jornais. Assim como ex-atletas podem comentar esportes de sua preferência". Acredito que estes devem ser utilizados no jornalismo como especialistas e, portanto, comentaristas, o que não substitui o trabalho do jornalista.

Até a próxima polêmica :)

2 comentários:

  1. Adorei!!! Te amo e sou sua fã mesmo......

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  2. Compartilho da opinião. A necessidade do diploma não busca um cerceamento da liberdade de expressão. Ela, na verdade, procura uma qualificação do profissional jornalista. As disciplinas citadas estão aí para ampliar a base de conhecimento do futuro jornalista, formando assim um indivíduo mais crítico. Gosto da ideia da seção dos jornais que oferece espaço para o leitor. Assim como acho que a internet é uma ferramenta que pode ajudar muito às pessoas a se expressarem, emitirem suas opiniões.

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