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8 de outubro de 2012

Como não falar de política? Momento desabafo – Rio de Janeiro



    A “festa da democracia” acabou no Rio de Janeiro, com Eduardo Paes reeleito no primeiro turno, com 64% dos votos. Eu nunca fiz campanha política aqui no blog (mesmo porque não surtiria efeito já que né, ninguém me lê... pelo menos por enquanto), no máximo nas redes sociais e no boca-a-boca. Não sou filiada a partidos políticos porque vejo sérios problemas no partidarismo. Acho que filiar-se a um partido é acreditar e assinar embaixo que você confia que TODOS que fazem parte deste são pessoas honestas. É colocar a mão no fogo por sabe-se-lá-quantos candidatos. Sem contar que já vi gente muito boa ficando completamente cega depois de entrar em algum partido, ao ponto de ter o fato escancarado e continuar negando. Pior cego é aquele que não quer ver, né? Mas o fato é que apesar de não ser filiada ao Psol torci e muito para que esse ano as coisas fossem diferentes.

   Marcelo Freixo fez uma campanha incrível. Não contou com apoio de empreiteiras, teve pouquíssimos minutos na televisão, mas fez bonito nos debates. Tão bonito que alcançou 30%. Trinta por cento da população votante do Rio de Janeiro acreditou que Marcelo era a melhor opção pro Rio. Otávio Leite, Aspásia e Rodrigo Maia ficaram tão, mas tão abaixo do candidato do PSOL que chegou a dar dó. Mas o fato é que eu cansei de “pelo menos...”. Pelo menos alcançamos 30%, pelo menos temos 5 vereadores do Psol. Cara, um miliciano acaba de ser reeleito. Mais de metade da população votou nele. Acreditou no Rio de Janeiro das propagandas. Fechou os olhos para o mensalão carioca. Fechou os ouvidos pros debates. E agora o Rio de Janeiro está perdido.

    Arrisco dizer que os próximos 4 anos serão bombásticos. Vamos ver uma corrupção sem igual. Obras hiper ultra mega superfaturadas. Mais UPPs espalhadas por toda a cidade, graças à parceria prefeitura-governo estadual. Saúde e educação abandonadas, nas mãos das Organizações Sociais, que nada mais são do que privatizações. Aumento no preço das passagens, porque as empresas de ônibus mandam na cidade. Aumento na passagem das barcas e no pedágio da ponte, porque a CCR manda na cidade. Quem manda na cidade não é a população, nem mesmo o prefeito. Quem manda na cidade são os grandes poderosos, milionários, grandes empresários. E quem mais se dá mal é a população carente, que é justamente a que reelege Eduardo Paes.

    Freixo é o candidato da Zona Sul. Mas como alcançar as zonas mais carentes se elas são dominadas por milícias? E mesmo assim, garante, fez campanha em todos os cantos da cidade. O problema é que se nós, classe média, somos desacreditados, imaginem os que têm menos, bem menos que nós. É crível pra eles um homem (desconhecido) que chega e promete mudanças? Que mal tem tempo de falar na televisão? Eles simplesmente não acreditam. Preferem ganhar migalhas a “não ganhar nada”. Porque centenas de candidatos já foram lá e prometeram mudar tudo. Nenhum deles fez, e eles não sabem diferenciar quem é quem.

    Minha revolta não é com os cidadãos que votaram no Eduardo Paes. Não tenho dúvida que esse número só foi tão elevado porque a população carente é a maior parte da população carioca. Minha revolta é primeiro, com a mídia e sua injustiça, seu partidarismo (no sentido de tomar partido, de não ser nenhum pouco imparcial), sua manipulação nos mínimos detalhes (como reafirmar que Marcelo Freixo iria censurar o carnaval, ou mesmo afirmar que “Marcelo Freixo não é Gabeira”, além de ter feito o último debate na quinta feira tarde da noite, horário que a grande maioria da população carente não pode assistir, pois acorda um pouco mais tarde pra ir trabalhar). Segundo, com os eleitores informados que foram contra o Freixo por se tratar de “modismo”. Quem dera que fosse modismo. Quem dera que ele tivesse sido eleito, seja lá por qual razão. O modismo valeria à pena. Esses deveriam estar cansados do modismo das milícias, do modismo do Rio de Janeiro feito por poucos e para poucos, do modismo dos escândalos, do modismo da corrupção, do modismo de tapar o sol com a peneira. “Quem enxerga escuridão em tudo é que tem escuridão em si.”

6 comentários:

  1. Seu desabafo é o desabafo de todos nós que acreditamos na mudança através do Freixo. E o mais emocionante dessa campanha, é que a esperança não morreu com a derrota nas urnas.

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    1. Isso é só o começo. Acho que ele deveria ir para o âmbito nacional e chacoalhar esse país!

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    2. Exatamente, caro Anônimo (gostaria de saber seu nome!!). Estou certa de que as pessoas que fecharam com Freixo não são aquelas que vão esquecer de tudo pelos próximos quatro anos. Serão estas que vão sair às ruas e cobrar, lutar por mudanças. É a mais pura verdade: A campanha de Marcelo Freixo reacendeu a chama da política. Muita gente começou a a se interessar e a buscar informações, graças às redes sociais e sua campanha que atingiu níveis incríveis. O grande problema é que esse ativismo ficava só no sofá. Digo ficava porque estou esperando que isso tenha mudado a partir do dia em que 15 mil pessoas (segundo informações oficiais) foram pra Lapa numa sexta-feira chuvosa, não para beber, mas para ouvir o discurso político de um candidato da esquerda. De um partido desacreditado, que já foi motivo de piada um dia. É a hora da virada. É exatamente o que o Rafael falou, é a hora de chacoalhar esse país.

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  2. A reeleição de um governante corrupto é o aval que ele precisa para, aí, tripudiar sobre a coletividade. Vide FHC, Lula, Cesar Maia, Jorge Roberto Silveira etc.

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    1. E César Maia 3º vereador mais votado, ein?... vergonha! O povo brasileiro não tem memória política.

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  3. Acho que o que precisamos é nos organizar. Estamos fazendo isso e sei que vamos conseguir algo absurdamente forte. Precisamos voltar a ser a cidade da mudança. O Rio de Janeiro abrigou batalhas fortíssimas, inclusive em âmbito nacional. Precisamos nos tornar novamente o Rio das Diretas Já!, dos caras pintadas, da Passeata dos Cem Mil.

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