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22 de agosto de 2012

E aí, Comeu?

* Se você ainda não assistiu, e faz questão de assistir.. cuidado, pode ter spoilers!!! *


Não sou crítica de filmes, longe disso. Pra essa função, conto com meu amIgor (perdoem o trocadilho infame), que faz ótimas resenhas de filmes no Enlatado. Mas hoje vou falar sobre o filme que assisti ontem, o E aí, Comeu?

Brasileirissimo, com atores globais e direção do Bruno Mazzeo (assim como Cilada.com), não fui esperando grandes coisas. Que bom.

O filme é muito bobo. Mas com esse nome, era o esperado né. Acaba sendo um filme ok para assistir com os amigos, ou mesmo com seu companheir@, apesar de algumas cenas muito toscas, com fortes características machistas. Fora isso, confesso que ri bastante em alguns momentos. E o filme trata de algumas questões que são interessantes. Vejamos:

1) Casamento e traição:
Marcos Palmeira é Honório, o que representa os casados no trio de personagens principais. Quem faz sua esposa é a Dira Paes, mãe de três meninas, que sai pra "farrear" todas as noites. O filme nos leva a pensar que ela trai o marido, que tenta contratar um detetive, e depois a segue para, enfim, descobrir que não se tratava de nada do que ele estava pensando.

Destaco aqui dois pontos: Primeiro, todas as vezes que ele, o marido abandonado, iniciava uma discussão a respeito das saídas da mulher, a personagem de Dira Paes (sinceramente, não lembro o nome) usava uma frase de "efeito". Da primeira vez foi mais ou menos assim: "Você quer que eu me submeta às suas vontades? Que eu fique em casa enquanto você sai todas as noites para beber com seus amigos?" Achei ótimo. Na minha visão, é assim mesmo que a mulher deve se portar. Os homens e as mulheres não têm que parar de ter suas vidas sociais por causa de um relacionamento. Mas é fato que na maior parte das vezes o homem continua saindo, pra um happy hour depois do trabalho, pra assistir ao jogo com os amigos, entre outros, enquanto a mulher tem que ficar em casa e cuidar dos filhos. O pior foi ver a revolta nos homens que estavam na sala do cinema a cada vez que Dira Paes anunciava que ia sair. O problema é que, nas outras vezes (se não me engano foram mais duas), as frases da esposa parece que viraram piada. Ouvi  risadas na sala do cinema. A demonstração de independência era tratada como piada. Ou com revolta. Nunca aceita, nunca vista como normal.


Ponto número dois: A total falta de confiança num relacionamento, ao ponto de o marido segui-la para conferir o que ela estava fazendo. E, mais uma vez, somos levados, até o último segundo, a acreditar que ela estava sim traindo. Vou contar: Honório invade o apartamento da amiga de sua esposa e flagra... um jogo de pôquer entre amigas. Pelo menos depois ele demonstra vergonha. Mas muito pouco, quase nada de arrependimento. Mais uma vez a reação do público é de alívio, porque mulher não trai. Quem trai é o homem. Lembro-me de pelo menos uma vez, durante o filme, que Honório fica bem interessado em outra mulher. E não é julgado por isso.


2) Prostituição: Esse tema é tratado com humor e romantismo. Afonso (Emílio Orciollo Neto) tem medo de assumir relacionamentos, mas encontra-se apaixonado por uma garota de programa, Alana. Diversas vezes Alana tem que deixar Afonso para ir trabalhar. "Faturar", como ela mesma diz. Ele fica sempre muito magoado e, destaco uma cena, em que ele a leva para jantar e depois coloca dinheiro em sua mão. Revoltada, Alana bate a porta e diz que não precisa do dinheiro dele. Achei uma boa sequência. Primeiro porque eu acredito que 9 em cada 10 homens que passam por essa situação já tenham feito isso pelo menos uma vez. Segundo porque, mais uma vez, demonstrou a independência da mulher. Não é porque Alana é prostituta que ela ficaria dependente do dinheiro de Afonso. E não é porque Alana é prostituta que ela não pode fazer amor com um homem sem que ele se torne um cliente por isso. Prostitutas são mulheres de carne e osso e também se apaixonam. Obviamente, para ter um final feliz, Alana e Afonsinho se casam, o que também achei bom por um lado. É uma quebra de preconceito. "Dane-se o que vão falar ou pensar, eu te amo e quero me casar com você." Romântico e lindo. E quem dera que fosse sempre assim. Só acho que o filme poderia ter contado um pouquinho sobre o que Alana faria em seguida. Largaria a prostituição? Conseguiria outro emprego ou viveria às custas de seu marido? Espero que não seja a última opção.


3) Diferença de idade e virgindade:

O terceiro personagem principal, vivido por Bruno Mazzeo, é Fernando. Separado recentemente, ainda sonhando em voltar com a ex, Fernando acaba se envolvendo com uma menina de 17 anos, a Gabi. Eles só se envolvem porque Gabi tem atitude e demonstra interesse por Fernando que, por respeitá-la e preocupar-se com ela, é tachado de "bucha" pelos amigos. "Come logo!"
A grande preocupação de Fernando é que Gabi seja virgem. Porque sim, virgindade é um tabu. Só se pode perder a virgindade em um relacionamento sério. Eu entendo que muitas meninas ainda pensem assim. Realmente é um momento importante, mas acho que qualquer relação sexual é um momento importante. Qualquer relação sexual tem que ser feita com respeito, com carinho, não somente a primeira. O que um pedaço de pele tem a ver com pureza, castidade? Acredito que a virgindade deva sim, ser perdida "no tempo certo". Porque tempo certo é o tempo da pessoa. Pra mim pode ser aos 20 anos, pra você, aos 13. Se for desejo SEU, de mais ninguém, e bem informada, ótimo, vá em frente. Porque, repito, ninguém tem poder sobre seu corpo e suas decisões, só você. Voltando ao filme, Gabi surpreende Fernando e entra no carro dele, onde começam a se beijar. Fernando expõe sua preocupação sobre ser o primeiro e Gabi diz que não é virgem. Nessa cena, destaco dois pontos: primeiro, a mania que os homens tem de julgar as meninas, de dividi-las, baseado apenas em seus achismos (idade, "cara", comportamento) em virgens ou não-virgens. Isso é uma palhaçada, é machismo, é pré-conceito. Segundo, uma ação também muito comum, de meninas mentirem sobre serem ou não virgens. Alguns anos atrás a mentira era sempre sobre ser virgem, porque nenhum homem ia querer um relacionamento com uma "mulher impura". Mas de uns tempos pra cá, tenho percebido cada vez mais meninas novinhas mentindo sobre não serem virgens, justamente pelo medo de que os homens que elas escolheram para serem seus parceiros não aceitem-nas, devido ao peso de tirar a virgindade de uma menina. Ambos os casos são graves. Ninguém tem que mentir sobre virgindade.

Por fim, quero fazer apenas um breve comentário sobre diferença de idade. No filme, Gabi tem 17 anos e a idade de Fernando não é revelada (ou foi e não me lembro), mas ele aparenta ter uns 30. Esses relacionamentos são comuns, porém, geralmente, muito julgados. Ambas as famílias ficam desconfiadas. Por parte da família do homem, geralmente, o julgamento, cheio de preconceito, é explícito: se o homem tem boa condição financeira, a "novinha" só pode estar com ele por conta disso. Por parte da família da menina, o julgamento vem revestido de preocupação: O pai preocupado que sua "garotinha" cresça demais, principalmente porque seu namorado é um homem e não um menino. E porque ele vai "se aproveitar" dela. Claro, meninas de 17 anos não tem vontade própria.









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