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As chamadas do programa do Bial,
que iria ao ar às quintas-feiras me chamaram atenção. “Pai, onde você conheceu
meu outro pai?” Foi a que me despertou. Opa! Vão falar de união gay! Então fui assistir,
ansiosa, esperançosa. A Rede Globo (logo ela, que, entre muitas outras coisas, não
permite beijos gays em novelas) finalmente ia sair da zona de conforto e tratar
de temas polêmicos.
A primeira decepção foi saber que o programa não era ao vivo, mas editado, o que permite uma manipulação. Na edição, fica o que o editor quiser, sai o que o incomodar. Pelo formato, e pelo que o programa se propõe a fazer, o ideal seria ser ao vivo, o que geraria muitas discussões e diferentes opiniões.
A primeira decepção foi saber que o programa não era ao vivo, mas editado, o que permite uma manipulação. Na edição, fica o que o editor quiser, sai o que o incomodar. Pelo formato, e pelo que o programa se propõe a fazer, o ideal seria ser ao vivo, o que geraria muitas discussões e diferentes opiniões.
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O primeiro programa tratou do “Politicamente
correto”. Achei péssimo. Uma sucessão de temas (racismo, assédio sexual no
trabalho, liberdade de expressão...) somado ao curto espaço de tempo fizeram
com que o programa ficasse corrido, com discussões rasas.
Bial até teve que bancar o Faustão e interromper as pessoas no meio de suas
argumentações. O outro programa que assisti falou de “Privacidade”, e confesso
que gostei da participação de Pedro Cardoso (sua fala foi até muito compartilhada
nas redes sociais.
Porém, nesses dois programas uma
coisa me incomodou muito: Bial fez questão de expor sua opinião e, pior, de
colocar em situação desconfortável aqueles que estavam ali para discordar dele.
Depois do BBB, e agora com o Na moral, tenho certeza que o que Pedro Bial faz
não é jornalismo.
A grande decepção veio com o programa
da semana passada, sobre padrões de beleza. Acho o tema muito interessante,
porque acaba atingindo quase todos nós. Eu mesma, que me considero uma pessoa
livre de muitos preconceitos, sei que estou presa a padrões de beleza e me
sinto mal por conta, por exemplo, de minhas olheiras ou de uma espinha. Então peguei um balde de pipoca e me sentei na
frente da televisão, com esperanças de que Bial daria um giro fantástico e
faria um programa diferente, que libertasse as pessoas. Doce ilusão.
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O que eu tive o desprazer de
assistir foi a apresentação de três mulheres padrões de beleza. Padrões
diferentes entre si, mas padrões. Uma modelo, uma “gostosona” e uma “garota
fitness” (que até declarou que fez uso de anabolizantes). O que Pedro Bial e a
produção do Na Moral fizeram? Levaram essas três mulheres para o centro do Rio
de Janeiro e colocaram-nas para desfilar, de biquíni, no meio de um monte de
homens, que mais pareciam animais. No final, ainda fizeram com que os homens votassem
e escolhessem a mulher de sua preferência. Objetificação da mulher? Machismo?
Imagina, é disso que o povo gosta. Confesso que depois dessa palhaça troquei de
canal e não posso falar sobre o que mais aconteceu.
Sendo muito otimista, podemos
enxergar uma crítica. E só estou sendo otimista porque, em uma aula de Linguística,
ouvi que as Panicats, do programa “Pânico na Band” poderiam ser vistas como uma
crítica às subcelebridades (que fazem tudo por conta da fama, e tudo mais. Vou
escrever um post sobre essa aula.). O fato é, mesmo que lá no fundo, a intenção
do Bial tenha sido fazer uma crítica á esses padrões de beleza colocando as
mulheres como objetos expostos e fazendo uma votação sobre a preferência
masculina, em minha opinião, foi muito mal sucedido. Boa parte do público (eu,
inclusive), enxergou de forma completamente oposta, que foi a passada, e a mais
fácil de ser entendida e absorvida. É a mesma coisa que aconteceu com Tropa de
Elite 1, onde o público passou a endeusar o Bope, o capitão Nascimento, e
clamar para que “caíssem corpos no chão” a cada vez que a polícia entrasse no
morro. É falha na comunicação. E um comunicador como Pedro Bial não pode falhar
assim.
Não satisfeita, resolvi dar mais
uma chance ao programa e assisti ontem o que falou de monogamia e ciúmes (mais
uma vez não consegui assistir até o final e não vi a parte que falou de ciúmes,
mas não acredito que tenha perdido grandes coisas). Apesar de (adivinhem?)
raso, achei um programa ok. Não mostrou preconceito, pelo menos (não ousaria,
não é?) e levou ao palco duas histórias interessantes e mal vistas pela
sociedade. O saldo geral do Na Moral,
porém, é negativo.
O programa, cujo objetivo aparenta
ser fazer o público pensar, oferece apenas mais uma discussão superficial.
Rápida demais para que o espectador consiga absorver as afirmações, compreender
os argumentos e em seguida, formular a sua opinião. Com a enxurrada de informações
rasas, o público, mais uma vez, apenas assimila, sem reflexão, sem
contraposição, contribuindo com a continuidade da alienação, mesmo falando
sobre temas polêmicos.
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