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29 de julho de 2013

A revolta será curtida e compartilhada (1)

Esta série de posts (que na verdade é só um, dividido para facilitar a leitura) foi um relato pessoal produzido sobre as primeiras manifestações ocorridas nas cidades de Niterói e Rio de Janeiro. Ele está um pouco desatualizado, porque não leva em consideração a continuação dos protestos, mas acho importante deixar registrado aqui - até mesmo para que eu tenha acesso no futuro.

                                                                  Post 1 de 5.


Quando assisti na televisão que as passagens subiriam novamente em junho deste ano, achei que já sabia o que aconteceria. Mais uma vez uma “dúzia de gatos pingados” organizaria uma manifestação em frente às Barcas, cantariam gritos de ordem, segurariam cartazes e bandeiras de dois ou três partidos e buscariam apoio. Foi assim com os últimos aumentos, tanto de ônibus quanto de barcas. Foi assim também quando a proposta das Organizações Sociais foi votada na Câmara de Vereadores de Niterói. E eu estava lá, com mais alguns amigos e desconhecidos, mas sempre os mesmos conhecidos rostos, pouquíssimos lutando por todos.

Mas quando assisti – também na televisão - a onda de revoltas em São Paulo, quase entrei em êxtase. Sem dúvida o sonho de qualquer militante que vai pras ruas é ver o povo nelas, ocupando seu lugar, exigindo seus direitos. Em São Paulo estava muito lindo. Apesar de toda a violência policial e tentativa por parte da mídia de deslegitimar o movimento, este ganhava cada vez mais força, cada vez mais adesão popular. Minha vontade imediata foi de sair correndo pra lá, pra ajudar na resistência de um povo que finalmente tinha acordado para os abusos fascistas do governador. Até que fui convidada para um evento no facebook: um ato aqui em Niterói, na minha pequena aldeia, tão conservadora, que carrega o título de cidade mais desigual do Brasil.


A grande quantidade de pessoas confirmadas me assustou um pouco, e confesso que não levei muita fé (em geral quando organizamos atos, manifestações, etc... contamos com a presença de 30, 40% dos confirmados nos eventos). E qual foi minha surpresa quando me deparei com uma multidão antes inimaginável para a pequena Niterói? Era curiosa a quantidade de cartazes “saímos do facebook”, porque era verdade. Aquelas pessoas que sempre assistiram e se revoltavam via redes sociais estavam finalmente saindo às ruas.  Estariam elas deixando de lado o ativismo de sofá?!

            Esse termo costuma ser rejeitado entre as rodas daqueles que acham que tem “carteirinhas” de militante. A verdade é que o ativismo de sofá pode ser um aliado muito importante, como se mostrou nessa onda de manifestações. Um dos movimentos que, em minha opinião, foi dos mais incríveis foi o Occupy  que muito utilizou das redes sociais. Era uma forma de convocação, de divulgação das atividades, de acumular pessoas, de espalhar o movimento pela rede e pelo mundo. O que deu certo. Se pra alguns era contraditório ver pessoas lutando contra o sistema com seus notebooks no colo durante o acampamento, pra mim – e outras centenas - o facebook tinha virado tática de guerrilha. A questão é saber que a ferramenta deve ser utilizada para colocar mais gente na rua, e não para que as pessoas se aprisionem cada vez mais em casa.


Nas manifestações pelo Brasil foi parecido. O facebook serviu para convocar, e por mais que existam críticas quanto a isso, o fato é que se a ideia era colocar uma multidão nas ruas, deu certo, até em Niterói.


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