Vontade de me bater por ter demorado tanto para ler esse
livro. Anos e anos disponível na minha casa e eu, cheia de preconceitos por conta da falta de pontuação nos textos de
Saramago (hahahah), retardei tanto a leitura dessa obra maravilhosa.
Ensaio
sobre a cegueira é a história de uma sociedade que, de repente, encontra-se
cega. A cegueira não tem explicação, é descrita apenas como um clarão branco. E
através deste livro percebemos o quão animalescos somos em nossa essência, e
que só nos preocupamos tanto com nossa autoimagem e a moral por uma questão
simples: estamos sendo vistos.
Saramago
consegue, com uma visão de narrador onipresente, nos passar diferentes
sensações e pontos de vista. Apesar do distanciamento que a voz impõe,
conseguimos sentir o desespero do primeiro a cegar, a paixão da mulher do
médico por seu marido, a falta que uma criança sente de sua mãe, etc. Outra
coisa que marca muito no livro é a ausência de nomes, fazendo com que os
leitores aprendam a identificar os personagens de uma maneira totalmente
inédita, como se também tivessem que lidar com o novo, bem como os personagens
lidam com a cegueira.
A revolta
me atingiu logo no início, ao perceber a estratégia do governo, cujo real
interesse era que os cegos morressem, de modo a não espalhar ainda mais a
epidemia. Mas chegou ao auge quando surgiu um grupo de cegos “maus”, que
roubaram outros cegos e estupraram mulheres.
A narrativa
é tão incrível que, ao fechar os olhos, imaginei cada detalhe, desde o início,
quando o ambiente vai, cada vez mais, se tornando sujo e insalubre, até o fim.
Os
parágrafos longos, sem vírgulas, não se tornam um problema, porque o leitor
dessa obra não precisa de pausas. Ele não quer pausas. Ele quer logo saber o
desfecho dessa trama, que não poderia ser melhor. Pode parecer óbvio, mas o
livro dá tanto “pano pra manga”, que não é tão óbvio assim. É quase que um
milagre.
Você
consegue se afeiçoar a alguns personagens, muda de opinião sobre outros, e
tem asco gigantesco por vários. É um livro que prende, choca, surpreende e
encanta. Maravilhoso.
Nota: 10,
com louvor!
Eu adorei o livro também...Preciso reler....
ResponderExcluirFiquei com vontade de ler! ^^
ResponderExcluirLeia, Ju! Muito bom :)
ExcluirAcompanho seu blog tem algum tempo, adoro seus texto e você é realmente muito boa! Faço Direito, mas sempre tive vontade de cursar jornalismo, o que me amedronta é isso de "não precisa de diploma", rs... Tenho medo de não dar certo e tal... Enfim, parabéns pelo seu blog!
ResponderExcluirOlha, não deixa essa necessidade de diploma te amedrontar não. Os melhores lugares, os mais sérios, sempre vão preferir alguém formado (e bom, óbvio) a alguém tão bom quanto, mas sem diploma. O diploma sempre acaba sendo um diferencial. Se está insatisfeit@, troca de curso! Ou então se forma em direito e depois pensa em algo a ver com jornalismo. Dá muito certo unir as duas áreas. Esse período estou cursando uma disciplina, Jornalismo e Criminologia, que é tudo a ver. Beijos!
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