(Andei meio sumida, com preguicinha de escrever e atualizar o blog. Mas lendo esse post no ativismo de sofá, resolvi dar meu relato/opinião sobre o assunto.)
Ultimamente tenho acessado muitos
blogs que falam sobre feminismo. A opinião dessas mulheres acaba sendo
convergente em muitos pontos, e divergente em outros. O que é, no mínimo,
aceitável, tendo em vista que o feminismo é um movimento, uma corrente de
pensamento bem grande, e que cada mulher pensa de uma forma, mas tem em sua
essência a luta por direitos iguais independente do gênero e, por isso, se
identifica como feminista. Eu também concordo com bastante coisa e discordo de
algumas. Ou não chego a discordar, mas sei que aquilo não se encaixa pra mim nesse
momento.
De uns tempos pra cá andava me
sentindo meio culpada por me dizer/sentir feminista e ao mesmo tempo não
conseguir largar alguns “vícios de beleza”, como, por exemplo, usar
maquiagem. Também tem dias que acordo
com vontade de me vestir mais arrumada, e aí acabo me sentindo “patricinha”
demais e acho que estou sendo uma contradição ambulante. Como assim? Eu prego feminismo e uso
maquiagem?
Sim.
Não acho que por sermos
feministas temos que negar tudo que existe com o objetivo de “nos deixar mais
bonitas”. Tenho que me sentir bonita com ou sem maquiagem, eu sei. Mas não vou
deixar de usar o que eu quiser pra não sentir que estou “traindo meus ideais”.
Que tipo de feminista julga a outra porque ela usa maquiagem? Ou alisa o
cabelo? A ideia não é “meu corpo, minhas regras”? Pois bem... minhas olheiras,
minhas regras; meu rosto, minhas regras; meu cabelo, minhas regras.
Acho
que tudo na vida se constitui em etapas. Hoje eu identifico o machismo em muito
mais coisas do que eu identificava há 2 meses atrás. Hoje eu me sinto muito
melhor comigo mesma do que há 3 anos atrás (quando me via gordinha e tinha
cabelo enrolado). Pode ser que amanhã eu me sinta tão bem comigo mesma que não
tenha problema em deixar meu cabelo voltar a ser enrolado, ou possa abandonar o
corretivo que uso todo dia pra sair de casa.
O que estou querendo dizer é que
é difícil, arrisco dizer impossível, ser hoje uma pessoa cheia de manias,
pré-conceitos, e ignorâncias (no sentindo mais puro da palavra) e amanhã
acordar livre de tudo isso, pronta para ser uma feminista completa e só então
poder me auto identificar assim. Tudo é um processo, que provavelmente vai
durar a vida inteira.
Acho que essa questão toca bastante no ponto que o post do ativismo de
sofá está falando, e que permito-me reproduzir aqui: “Resumidamente, a futilidade*, que foi conceituada
com base em toda a construção bíblica do feminino passou a ser condenada
socialmente. E é esse o vestígio que vemos até hoje em uma sociedade
intelectualmente moralista que carrega consigo essa visão contraditória da
sabedoria e da vaidade".
*
Futilidade: maquiagem, roupas, sapatos. Coisas comumente ligadas às mulheres. E mulheres
feministas não podem ser “fúteis”, não é verdade? Mas a partir do momento
que identificamos que esse conceito de futilidade está fortemente atrelado ao
machismo, a coisa muda um pouco de figura.
Acaba que essa visão radical que muitas feministas carregam
faz com que muitas mulheres, não adeptas ao feminismo, tenha aversão pelo
movimento, por achar que para ser feminista é necessário “deixar de ser feminina”.
“É fácil ser feminista e continuar depilada”, essa eu ouvi recentemente. Oras, na minha visão, o feminismo não é para obrigar todas as mulheres a não depilar. É apenas garantir que quem não quiser passar por essa dor não seja obrigada pelo padrão estético da nossa sociedade patriarcal.
“É fácil ser feminista e continuar depilada”, essa eu ouvi recentemente. Oras, na minha visão, o feminismo não é para obrigar todas as mulheres a não depilar. É apenas garantir que quem não quiser passar por essa dor não seja obrigada pelo padrão estético da nossa sociedade patriarcal.
Para entender meus posicionamentos e não me sentir tanto
assim uma contradição ambulante, peguei uma frase para resumir como tenho
pensado atualmente: o Feminismo não é
pra ser usado da forma que ele condena: ditando ordens e padrões. É para
garantir a LIBERDADE da mulher e direitos iguais independentemente de gênero.
Posso usar maquiagem porque não
existe problema em ser feminina, em ser mulher, em usar saia, lápis de olho,
rímel. Mas quero mostrar ao mundo que não sou só maquiagem. Sou mulher, sou
bonita sempre (e você também é, todas somos, ao nosso jeito, com ou sem
maquiagem), feminina, lutadora e feminista. Tudo isso sem ser uma contradição
ambulante.
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